segunda-feira, 25 de maio de 2009

Abert diz que PLC afetará serviços de rádio; Anatel nega.

Quinta-feira, 21 de Maio de 2009, 23h15
A entrada das distribuidoras de energia no mercado de banda larga, com a regulamentação do uso do PLC (Power Line Communications), conquistou novos rivais: as emissoras de rádio. A Abert alega que a oferta de internet via rede elétrica causará sérias interferências na radiodifusão, especialmente nas rádios que operam em ondas médias e tropicais. Em debate realizado nesta quinta-feira, 21, no Congresso Brasileiro de Radiodifusão, realizado pela Abert, técnicos apresentaram testes demonstrando a interferência do novo serviço e cobraram da Anatel medidas mais fortes para proteger as emissoras.Com base em análises feitas em Goiânia em 2006, o engenheiro Sérgio Neiva avaliou que os equipamentos usados na oferta de PLC podem causar problemas na recepção de rádios que estejam a até 15 metros de distância dos computadores conectados. Segundo Neiva, os equipamentos usados não permitiram a ativação de filtros nem a modulação da potência, conforme prometiam os fabricantes. Flávio Archangelo, também especialista na área, reforçou essas constatações ao mostrar testes em outros países onde as emissoras de rádio sofrem fortes interferências por conta da oferta de banda larga via rede elétrica. "O PLC é o típico caso de tecnologia que, se analisado em linhas gerais, conquista a nossa simpatia", afirmou o analista. "Mas se analisarmos melhor a tecnologia, infelizmente vamos encontrar algumas incongruências", complementou. Para evitar os efeitos nocivos constatados, Archangelo sugeriu que a Anatel inclua as faixas destinadas à radiodifusão que se cruzam com o PLC na lista de proteção contra interferências. Na regulamentação aprovada pela Anatel, apenas as faixas usadas pelas Forças Armadas e por radioamadores estão salvaguardadas contra a atuação do PLC. O especialista sugeriu ainda a criação de um grupo de trabalho para que os radiodifusores possam trocar idéias sobre o assunto.Sem problemasAs reclamações das emissoras, no entanto, foram contestadas pela Anatel. A especialista em regulação Diana Tomimura, que participou da produção do regulamento, contou que testes mais recentes realizados pela agência não comprovaram a inexistência de interferência gerada pelo PLC. As análises foram feitas pelo CPqD em Campinas (SP) no ano passado e, segundo a especialista, os equipamentos permitiram a ativação dos filtros e a modulação da potência. E, com esses instrumentos em funcionamento, não foi percebida interferência alguma. "A gente usou inclusive um televisor e não constatou nenhum impacto."Diana admitiu que os testes de 2006 com equipamentos de 1ª geração foram problemáticos e, por isso, a agência não regulamentou o serviço naquele ano. Agora, com sistemas de 2ª geração, a performance do PLC teria melhorado muito e mitigado os problemas. Outra providência tomada pela agência foi a limitação do uso efetivo da faixa destinada a este serviço. Apesar de a faixa ir até 85 MHz, a Anatel limitou a oferta até 50 MHz, criando uma zona de proteção para a radiodifusão, que opera nas frequências mais altas. De acordo com a técnica, experiências observadas em Porto Alegre mostraram, inclusive, que o PLC não tem interferido nas Forças Armadas, que ocupa a maior parte da faixa.Novas licençasCoincidentemente, ao mesmo tempo em que as emissoras discutiam os problemas do PLC, o Conselho Diretor da Anatel concedia uma licença de operação de SCM para a CelgTelecom, subsidiária da distribuidora de energia de Goiás que atua na área de telecomunicações. A licença de SCM é necessária para a oferta de PLC e a Celg faz parte do grupo de empresas do setor elétrico que vêm testando a tecnologia há alguns anos.Outra concessionária de energia que já anunciou sua entrada no mercado de banda larga em 2009, a Copel, obteve hoje uma licença para a oferta de STFC. A Anatel não prestou maiores esclarecimentos sobre os planos de atuação da Copel Telecomunicações na área da telefonia fixa, mas vale lembrar que qualquer empresa pode obter licença para atuar, em regime privado, neste ramo desde que comprove competência técnica para tal.
Mariana Mazza
Fonte:http://www.telaviva.com.br/News.asp?ID=132038&Chapeu=

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